segunda-feira, 27 de abril de 2015

Provisoriamente Jovens

Volvidos 2 dias desde mais um aniversário do 25 Abril, faz-se imperioso reflectir sobre os Valores que Abril de '74 nos trouxe e pelos quais os nossos políticos e a nossa sociedade se devia reger. A Vida não está fácil: vemos os cortes que este (des)governo fez na educação, assistimos ao aumento das propinas que empurraram centenas de jovens para fora das Universidades por impossibilidade de pagamento, e todos os dias há jovens convidados a sair de Portugal em busca de uma vida de trabalho mais próspera e de melhores condições. Alguns pensam em voltar, outros não. Mas, e não retirando a importância que tem o que foi dito anteriormente, há algo que me preocupa tanto ou mais que os nossos jovens - os nossos idosos. Porque eles são a maioria da população portuguesa, porque nós somos provisoriamente jovens, porque os idosos são sempre os esquecidos.
Preocupam-me aqueles idosos que hoje deixamos sozinhos, abandonados, que desprezamos, que olhamos de lado e que chegamos a dizer serem uma pedra no nosso sapato (sim, como é possível?!). Aqueles idosos que vivem com uma reforma mísera, que precisam de medicamentos para os quais o dinheiro não chega, que vivem da solidariedade (e infelizmente, por vezes, da caridade) de outrem. Aqueles idosos que morrem sós em casa, nos lares, que são maltratados pela sua própria família, que perdem a Dignidade e a Vida antes de perderem a vida - porque não ter a possibilidade de ter um fim de Vida digno é morrer mil vezes. E o que lhes dizemos com todas as medidas que são tomadas, dia após dia, por este (des)governo que só vê números? Morram!
Será que nos esquecemos que somos provisoriamente jovens? 
Quando reduzimos as reformas - reformas essas para as quais eles trabalharam e descontaram -, quando fechamos hospitais, reduzimos médicos e enfermeiros, aumentamos filas de espera em hospitais, aumentamos o preço dos medicamentos, etc, etc, etc, será que nos lembramos que somos provisoriamente jovens?
Quando deixamos aqueles que nos deram tudo sozinhos numa casa, quando os empurramos para um lar, quando não nos lembramos que um só telefonema pode fazer toda a diferença, será que nos lembramos que somos provisoriamente jovens?
E com tudo isto, só me apraz dizer o seguinte: Pelos vistos, este país não é para ninguém a não ser para quem nos governa agora... porque somos provisoriamente jovens -  e enquanto somos jovens mandam-nos emigrar, quando somos velhos mandam-nos morrer!

Este não é o país que eu quero...!

Urge mudar mentalidades, urge mudar políticas. Urge olhar para as pessoas como pessoas e não somente como números. Urge dar voz renovada à Igualdade e Dignidade. Urge implementar políticas sociais, de pessoas para as pessoas, políticas de saúde, de educação, de solidariedade, políticas de inclusão social. Políticas de P grande. Porque a Política só faz sentido quando é feita para as pessoas.

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