O FMI tem sido pródigo na
elaboração dos mais variados relatórios sobre a aplicação de medidas de
austeridade. Por vezes deparamo-nos com relatórios da espécie “bonzinhos” que
falam dos malefícios da austeridade como quem fala dos malefícios do tabaco em
jeito de pós-aplicação. Houve alturas em que estes relatórios serviram para dar
uma imagem benevolente do FMI, visto como um autêntico “bicho-papão” e até deu
suporte a um pedido de desculpas ao melhor estilo de “Perdoa-me”. Contudo, o
FMI não vive só de relatórios humanizados, tem também a sua quota-parte de
relatórios vindos directamente de um dos círculos do inferno de Dante. Nestes,
a defesa intransigente e paternalista de uma receita de austeridade em doses
cavalares como a salvação de um povo tem vindo a servir de suporte para a
aplicação das mesmas, como se o FMI fosse uma entidade sobrenatural e
omnisciente da ciência económica. No fundo, ao sabor dos ventos e do ritmo de
trabalho dos seus funcionários, o FMI consegue entrar em contradição pelo menos
uma vez por semestre, o que poderemos apelidar de uma boa média, sendo que a
coerência, a existir, apenas se reporta às constantes tropelias que deveriam
envergonhar quem gere uma das maiores entidades financeiras a nível mundial.
Já no plano interno, Teodora
Cardoso, Presidente do Conselho Superior do Conselho das Finanças Públicas veio afirmar que nem esta
entidade nem a UTAO podem realizar qualquer análise ao cenário macroeconómico
apresentado pelo Partido Socialista e que o PSD desejava ardentemente submeter
ao crivo das referidas entidades. No fundo, Teodora Cardoso veio apenas
confirmar que a ideia do PSD era impraticável e ridícula atendendo às
atribuições de ambas as entidades, as quais têm como desígnio a análise das
contas públicas e não a análise de cenários macroeconómicos de crivo ideológico propostos por partidos políticos e que nem
sequer são uma certeza a nível da implementação. Curioso é saber que esta
tentativa de utilização de organismos independentes e públicos, com a missão
clara de analisar e avaliar as contas públicas, leva a uma de duas conclusões,
ou o PSD está tão preocupado com a apresentação de uma alternativa que em tudo parece
apontar para um caminho diferente do trilhado até aqui que se esqueceu, mais
uma vez, que existem regras emanadas da Lei (já que as da Constituição da
República Portuguesa representam para estes um empecilho e um aborrecimento)
que excluíam a análise do cenário por parte da UTAO e da CPF, ou então, e algo
que já não se pode considerar uma novidade, face à ausência de propostas e
cenários próprios, utilizaram o nome da UTAO e da CPF para mera manobra de
diversão, bem sabendo da impossibilidade legal de realização da sua proposta.
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